sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Os Ciganos e a boa sorte. Lendas Ciganas.


"Só entendemos o ‘milagre da vida’ quando deixamos o inesperado acontecer. 
Todos os dias, Deus nos dá, junto com o sol, um momento em que é possível mudar tudo o que nos deixou ‘infelizes’. Todos os dias tentamos fingir que não percebemos aquele momento, que esse momento não existe, que hoje é igual a ontem e será igual a amanhã. Mas quem presta atenção no seu dia, descobre o ‘momento mágico’ - ele pode estar escondido em qualquer lugar."


Para os ciganos, encontrar no chão um anel, pulseira, uma correntinha ou outra joia é um símbolo de boa sorte, pois afirmam que tudo o que você mentalizar naquele momento ocorrerá e você terá muito sucesso.

Essa tradição vem de quando viajavam em caravanas, quando alguém via algo brilhante no chão paravam a sua marcha, amarravam esse objeto com uma fita ou corda na pata dianteira direita do cavalo e não o tiravam até que chegassem ao seu destino. Uma vez lá, esse objeto era usado como talismã protetor, pois emanava uma energia muito positiva. Depois entregavam o amuleto ao cigano que achassem mais conveniente leva-lo consigo. 

Hoje em dia, para manter o costume, ao encontrar uma joia, a deixam por um tempo em um lugar sem tocá-la, ao que parece, para descarregar seus males, ficando depois totalmente liberada do negativo, para ser usada como signo benéfico.

As ferraduras também são um símbolo de boa sorte para os ciganos; tomavam parte da vida de todos os povos que se deslocavam. Não ter ferraduras, perdê-las ou não mantê-las em perfeito estado, era sinônimo de desgraças; por isso, quando se gastavam ou se quebravam, automaticamente as atiravam nas estradas; de igual maneira quando encontravam ferraduras, tinham que joga-las para trás, sem olhar, entendendo que assim a vida lhes daria a melhor sorte. Este costume está associado à ideia de que a ferradura perdida está estreitamente vinculada ao passado, porque a ele representa; portanto, o mais conveniente para obter um maravilhoso futuro é poder libertar-se dos fardos do passado.

Por outro lado, receber uma ferradura de presente é um presente inestimável; nesse caso funcionará como um talismã protetor, colocada próximo à porta de entrada da casa, com a abertura voltada para cima, irá neutralizar todas as vibrações negativas do local, bem como das pessoas que nelas entram.

O metal é muito importante para este povo; os utensílios de cozinha de metal (especialmente tachos e panelas) só devem ser lavados quando estritamente necessário; para eles, bastava mergulhá-los em água e passá-los pelo fogo, para eliminar todos os males. Um pote que quebrasse, rachasse ou tivesse buracos tinha que ser destruído, descartado, porque representava a chegada de uma época de má sorte.

Os utensílios de cozinha (concha, escumadeira, etc.) eram pendurados na vertical para que absorvessem a energia positiva da terra, de significado vital para os ciganos.

Para o cigano, o lenço (diklô) representa um elemento de proteção, por isso são comumente vistos com o lenço na cabeça; para conservar suas boas ideias, sonhos e projetos. O lenço também lhes evoca a representação do quadrado mágico, símbolo de grande poder. Quando as caravanas paravam ou se reuniam para descansar formavam sempre um quadrado e no centro deste acendiam uma fogueira, em torno da qual se expressava a vida; ali acontecia a verdadeira magia. O lenço também é usado em rituais para prevenir a infidelidade, quando percebem que alguém está rondando procurando seduzir seu parceiro. Neste ritual, o coração e a sexualidade do rival em potencial são fechados para que ele deixe a pessoa em paz.

É também um elemento ligado à virgindade, noutros tempos a noiva era submetida, antes do casamento, a um teste que consistia na verificação da sua virgindade. Para isso, envolviam algum objeto no lenço e as mulheres que tinham maior confiabilidade e reconhecimento no ambiente se encarregavam de introduzi-lo na vagina da noiva, a fim de corroborar quando saísse, o aparecimento de sangue, que representava a ruptura do hímen. Ainda hoje, algumas comunidades utilizam um rito semelhante nas cerimônias conjugais; só que não esperam mais garantir a virgindade; então a mãe insere o lenço com o dedo dentro dos órgãos genitais da filha e, ao retirá-lo, a noiva o agita com total alegria; que também celebra o noivo como símbolo da pureza da mulher com quem unirá sua vida.

O povo cigano passou a maior parte da vida viajando, e a única forma que tinham para se orientarem à noite foi guiando-se pelas estrelas. Embora para quase todo mundo seja sinônimo de prosperidade e excelente presságio ver uma estrela cadente, para os ciganos, que reivindicam o privilégio de serem os autores desta lenda, é ainda mais. Quando um cigano se emociona ao observar o céu e intui a fugacidade daquela luz, ele se sente protegido porque se afasta da escuridão, dos espíritos negativos e das trevas. A partir desta forte convicção, anéis ou colares com estrelas são dados como presentes, e em alguns casos, com as iniciais do nome de quem os usará gravadas neles. Certeza que carregam na hora de escolher os lenços que vão usar na cabeça, os retalhos com que confeccionaram suas saias e a sedução de brilhos, cores e formas com que costumam deslumbrar nosso olhar.

Os dedos das mãos, embora para alguns grupos ciganos signifiquem uma coisa, para outros têm um significado completamente diferente. Para os ciganos, os dedos das mãos têm personalidade própria e por isso devem ser estudados.

Na quiromancia, o polegar é o dedo mestre e o ângulo formado entre ele e o indicador indica a independência da pessoa. O dedo indicador é o dedo da decisão, o dedo médio simboliza a vocação de lutar contra o destino. O dedo anular mostra os estados do coração, tanto físicos quanto mentais. O dedo mínimo é usado para tocar objetos pelos quais não se deseja pagar nada, mas se isso não for mais permitido, simboliza a fantasia.

Os ciganos utilizam outros métodos de adivinhação para reforçar suas predições, entre estes métodos estão:

Tarot, baralho Petit Lenormand, chumbo derretido, borra de café, conchas, pedras, moedas, dados, dominó, agulhas, ossos de galinha, punhais, entre outros.

Na Hungria, as ciganas costumam adivinhar com tambores sobre cuja pele estão desenhados três círculos pretos e três brancos. Sobre o tambor são colocadas favas ou feijões e se adivinha dependendo da posição em que as sementes ficaram.  


LENDAS CIGANAS

  • Numa época muito remota, os ciganos foram acolhidos na Caldéia, vindos do leste da Índia, pela sua experiência no trabalho com metais, especialmente bronze e ouro.

Na terra dos magos, se iniciaram no profundo conhecimento dos astros, suas leis e influência nas vidas humanas. Munidos deste conhecimento claramente valioso, decidiram seguir o patriarca Abraão na sua peregrinação à terra de Canaã.

Seguindo as vicissitudes da história indiana, chegaram ao Egito na época de José, aquele que sonhava, onde apresentaram sua arte e sabedoria aos poderosos faraós.
Quando Moisés conduziu o povo escolhido através do Mar Vermelho, um rapaz e uma moça ciganos escaparam tanto da ira do Faraó como do afogamento e se tornaram o Adão e a Eva dos ciganos.


  • Os ciganos, como toda a raça humana, descendem do pai Adão... mas não de Eva.
A primeira mãe dos ciganos foi outra mulher que precedeu a tentadora Eva. Portanto, e com toda a lógica, os ciganos estão isentos do pecado original e não são obrigados a trabalhar nem a ganhar o pão com o suor do rosto.


  • Os ciganos Kalderash, de Lyon, contam que seu ancestral, um ferreiro, fizera 12 pregos para crucificar a três homens.
Ciente de que três (3) é o número da bênção, escondeu um dos pregos, com a ideia de que o homem que fosse crucificado com 3 pregos, em vez de 4, seria o homem da bênção.
Isto permitiu ao ferreiro cigano descobrir o SUNTO DEL, ou seja, o Deus Santo, segui-lo e entrar no paraíso na melhor das companhias.