"O céu é o meu teto, a terra é a minha pátria, a liberdade é a minha religião". (provérbio cigano).
Por esta filosofia de vida, os ciganos pagaram sempre um alto preço.
Porque, na realidade, estes conceitos são muito avançados para o resto da humanidade. São conceitos transformadores e de difícil compreensão para a maioria das pessoas, que se negam a tentar pelo menos, entendê-los em sua magnífica grandeza.
Só é verdadeiramente cigano aquele que vive e pratica esta filosofia na sua vida diária, no seu dia a dia.
Todo ser humano sempre sonhou com a Liberdade... Por ela muitos morreram e, às vezes, também mataram, defendendo seus ideais, em todos os tempos e latitudes geográficas. Talvez seja por não conseguirem alcançarem-na plenamente é que os gadjês invejam (inconscientemente) os ciganos, discriminando-os e perseguindo-os.
Para a sociedade majoritária a liberdade é uma utopia, para os ciganos, uma maneira de viver.
Ser livre é respeitar o outro e ser respeitado. Ser livre é viver e deixar viver. Ser livre é buscar a plena realização como ser humano. Ser livre é ser feliz. Os seres humanos para obterem a posse das coisas e o poder sobre pessoas se tornam escravos.
A posse das coisas nos acorrenta; usá-las sem apego nos liberta. A verdade absoluta neste mundo é a impermanência: nada é para sempre. Por isto, nós ciganos vivemos o hoje, pois o amanhã pertence à Devel. Lembro sempre das palavras de “Spatzo”: Nosso segredo é gozar cada dia as pequeninas coisas que a vida nos oferece e que os outros não sabem apreciar...
Cezarina Macedo (REVISTA JANELLÁ, 2011).
